Um capitalismo mais humano?

  • Categoria do post:Artigos

As tentativas de “humanizar” o modo de produção capitalista não são novas. Desde os socialistas utópicos que, diante do aumento do desemprego e da miséria gerado com o avanço da Revolução Industrial no século XIX, foram muitos os pensadores e ativistas sociais que imaginavam uma possibilidade de sensibilizar os capitalistas com relação aos problemas sociais causados pelo capitalismo. Na Alemanha atual, com o aumento da taxa de lucros contrastando com o aumento do desemprego e da pobreza, vários políticos estão indo para a ofensiva apelando para uma “responsabilidade social e moral” das empresas. O apelo vai no sentido de que empresas que apresentam um extraordinário crescimento na taxa de lucros devam investir na geração de novos empregos. Mas, por que os capitalistas teriam interesse em gerar empregos e até que ponto é possível exigir uma face “mais humana” do capitalismo?

(mais…)

Continue lendoUm capitalismo mais humano?

Neonazismo e insegurança social na Alemanha

  • Categoria do post:Artigos

Sessenta anos após a libertação dos últimos sobreviventes de Auschwitz, a polêmica em torno do passado nazista não está superada na Alemanha. O partido nazista NPD (Partido Democrático Nacional da Alemanha), formou bancada na Saxônia, vem elegendo deputados em outros Estados alemães e está disposto a continuar organizando manifestações como a do dia 08 de maio, que marca o fim da Segunda Guerra Mundial, em memória aos soldados alemães. As manifestações, embora pequenas, atraem a atenção seja pela forte rejeição que enfrentam – o que sempre demanda intensa mobilização policial para proteger e isolar os manifestantes frente aos grupos anti-nazistas –, seja pelo espaço ocupado na imprensa. Os partidos maiores, como o SPD e a CDU/CSU, há mais tempo vêm propondo a proibição do NPD, alegando sua contrariedade aos “princípios democráticos e constitucionais” vigentes no país. O problema, entretanto, é que as tentativas de proibição impetradas até o momento, além de inócuas, só têm contribuído para um crescimento dos neonazistas. Como se explica esse crescimento?

(mais…)

Continue lendoNeonazismo e insegurança social na Alemanha

O capitalismo educa para o parasitismo social

  • Categoria do post:Artigos

“Fôssemos infinitos, tudo mudaria. Como somos finitos, muito permanece”. (Bertolt Brecht).   A suposição de uma natureza parasitária do ser humano continua atual. Afirmações como a de que a exploração sempre tenha existido, ou de que ela seja uma mera manifestação da natureza humana, continuam sendo usadas para legitimar a expansão da barbárie capitalista. Na Alemanha, a crença numa suposta natureza capitalista da humanidade é expressa tanto pelo senso comum como por alguns intelectuais quando se debate a possibilidade de uma sociedade não-capitalista, sendo apresentada normalmente como…

Continue lendoO capitalismo educa para o parasitismo social

A atualidade da leitura

  • Categoria do post:Artigos

“Uma das heranças mais perniciosas da Ilustração foi, precisamente, a de pensar que o novo é sempre melhor”  (Atílio Borón).   Uma das características que, certamente, chamam a atenção de um estrangeiro na Alemanha é o hábito de leitura do povo alemão. Nos trens, nas bibliotecas, nos cafés, nos bosques e parques é normal encontrar pessoas lendo. Com o intensivo período de inverno e a permanência prolongada das pessoas dentro de casa, a leitura é uma atividade que continua atraindo muitas pessoas. Na lista de livros mais…

Continue lendoA atualidade da leitura

Educação, globalização e neoliberalismo: o debate precisa continuar!

  • Categoria do post:Artigos

Robinson dos Santos y Antônio Inácio Andrioli INTRODUÇÃO "Nós vivemos na era da globalização, tudo converge, os limites vão desaparecendo". Quem não ouviu, no mínimo, uma destas expressões nos últimos anos? Globalização e neoliberalismo são, sem dúvida, marcas de nosso tempo. No entanto, a discussão sobre o conteúdo de tais conceitos está permeada de ambigüidades e, para além dos modismos, ainda suscita dúvidas. Diagnósticos e suposições acerca de uma sociedade mundial, uma paz mundial ou, simplesmente, de uma economia política mundial surgem seguidamente, apontando para processos de…

Continue lendoEducação, globalização e neoliberalismo: o debate precisa continuar!

O Orçamento Participativo de Porto Alegre: um exemplo para a Alemanha?

  • Categoria do post:Artigos

A democracia direta é novamente objeto do debate político mundial. A decepção e indignação da maioria da população com relação às atuais formas de democracia representativa permitem uma reflexão sobre alternativas políticas que não são novas, mas que renovam sua importância e seu significado. Na Europa, a proposta do OP – Orçamento Participativo – de Porto Alegre está sendo muito bem recebida como exemplo de ampliação e radicalização da democracia. Com base na experiência de um país do sul, também o “velho continente” vem desenvolvendo exemplos que demonstram a possibilidade de aplicação dos princípios universais deste modelo, mesmo reconhecendo que ele não pode ser simplesmente transferido. Mas, ao mesmo tempo, também surgem os já conhecidos preconceitos contra formas de democracia direta como: a) elas só seriam possíveis em pequenos municípios; b) elas seriam muito lentas; c) seria necessário dar mais valor a critérios técnicos, sobre os quais a população não teria conhecimento; d) elas estariam em contradição com as leis e reduziriam a função do parlamento. O que, afinal, podemos aprender com a experiência de Porto Alegre e quais são as condições necessárias para uma introdução do orçamento participativo na Alemanha, com base nos princípios de Porto Alegre?

(mais…)

Continue lendoO Orçamento Participativo de Porto Alegre: um exemplo para a Alemanha?

Após as eleições municipais: para onde vai o PT?

  • Categoria do post:Artigos

Numericamente o PT – Partido dos Trabalhadores – é o vitorioso das eleições municipais de 2004. Uma análise mais profunda, no entanto, demonstra o quanto a situação é complicada, onde vitórias e derrotas se destacam.

As eleições municipais de 2004 foram anunciadas como um teste para o governo Lula. O sucesso eleitoral significaria que o rumo do governo e a estratégia de consolidação de uma hegemonia política do PT no Brasil estariam acertadas. Uma derrota eleitoral, especialmente nas capitais, significaria um perigoso sinal de fortalecimento dos partidos de direita na arena política do país e seu possível retorno ao governo federal em 2006. Para a esquerda do PT os resultados das eleições seriam problemáticos de qualquer maneira: um fracasso eleitoral do PT seria um dura derrota para um projeto maior da esquerda latinoamericana, que durante os vinte anos de construção do PT foi adquirindo uma importância cada vez mais significativa; uma vitória eleitoral, por outro lado, viria a legitimar o atual rumo do governo Lula, a política econômica neoliberal colocada em curso até o momento e a política de alianças assumida pela direção majoritária do PT. No período eleitoral, no entanto, todas as tendências internas estavam unificadas em torno de um objetivo comum: derrotar os adversários do PT e, posteriormente, haveria espaço para a disputa política interna no partido. Mas, quem são, precisamente, os adversários do PT e em que se concentrará o debate interno após as eleições municipais?

(mais…)

Continue lendoApós as eleições municipais: para onde vai o PT?

O que eu tenho a ver com isso?

  • Categoria do post:Artigos

“Quando os nazistas levaram os comunistas, eu calei, porque, afinal, eu não era comunista. Quando eles prenderam os sociais democratas, eu calei, porque, afinal, eu não era social democrata. Quando eles levaram os sindicalistas, eu não protestei, porque, afinal, eu não era sindicalista. Quando levaram os judeus, eu não protestei, porque, afinal, eu não era judeu. Quando eles levaram a mim, não havia mais quem protestasse” (Martin Niemöller).

 Todas as vezes em que ocorre um massacre humano, uma crueldade que choca a humanidade, como o holocausto nazista, as ditaduras militares, os atentados em Nova Iorque e em Madrid, o terrorismo do governo norte-americano no Iraque e no Afeganistão e, recentemente, o genocídio na Rússia, é comum vermos na imprensa os familiares das vítimas se perguntando desesperadamente: “porque mataram logo quem não tinha nada a ver com isso?”. Por outro lado, nós, expectadores, somos tentados a agir com uma brutal indiferença que parece se justificar na resposta: “eu não tenho nada a ver com isso!”. Tanto a pergunta como a resposta não são novas e remetem a um problema maior de nosso tempo: a extrema falta de solidariedade entre os seres humanos. Diante de um fato social, a pergunta que podemos nos fazer é “até que ponto eu não tenho nada a ver com isso?”

(mais…)

Continue lendoO que eu tenho a ver com isso?

A política como profissão

  • Categoria do post:Artigos

“É correto afirmar, e a experiência histórica confirma, que o possível não teria sido alcançado se não houvesse sempre a tentativa de alcançar o impossível” (Max Weber).

 

A crescente despolitização e descrença da população com relação às instituições políticas é uma marca de nosso tempo. As eleições diretas, antes vistas como um caminho em direção à democracia, passam a ser reduzidas ao estágio máximo de participação política permitida dentro da lógica da sociedade capitalista. Vemos, assim, um meio de disputa da hegemonia sendo transformado em objetivo final de todo o fazer político. Nesta situação, é perfeitamente compreensível que, em países onde o voto é voluntário e facultativo, como a Alemanha, os índices de abstenção venham crescendo a cada eleição, especialmente entre os jovens, o que foi confirmado nas recentes eleições para o Parlamento Europeu. A ausência de controle social dos eleitos e seu descompromisso com as promessas de campanha só tendem a reforçar a idéia da inexistência de diferenças substanciais entre os partidos políticos e a aumentar a frustração com a democracia representativa e as instituições políticas tradicionais.  Como não há efetivas alternativas de mudança em jogo, é diminuído o sentido do voto e a campanha eleitoral se reduz a uma mera escolha de candidatos a um cargo político que, cada vez mais, tende a ser identificado como profissão.

(mais…)

Continue lendoA política como profissão

Aumentar a exploração para garantir empregos?

  • Categoria do post:Artigos

Diante do crescente desemprego e da ameaça dos empresários em transferir investimentos para países com salários mais baixos, os trabalhadores estão diante de uma nova ofensiva do capital contra direitos historicamente conquistados. Na Alemanha, os trabalhadores estão sendo submetidos a um aumento da jornada de trabalho de 35 horas para 40 horas semanais, com o argumento da possibilidade de preservação dos empregos. A idéia, que vem sendo defendida há mais tempo pela base dos partidos conservadores CDU/CSU (União Democrática Cristã/União Social Cristã), agora recebe o apoio dos social-democratas no governo e, pasmem, de parte dos sindicalistas que, após o recente acordo realizado na empresa Siemens (sob a alegação de garantir 2 mil empregos na Alemanha), reagem dizendo que trata-se de um caso excepcional, que não deve ser generalizado. Em que se baseia essa tendência e qual é sua probabilidade de expansão?

(mais…)

Continue lendoAumentar a exploração para garantir empregos?